Pbro. Horacio Hernández Arroyo csj*
En diversas ocasiones, Jesús es llamado hijo del carpintero. Por ejemplo, cuando los suyos se preguntan de dónde proviene la sabiduría de sus palabras, aluden precisamente a esta condición de hijo del carpintero para cuestionar tanto el valor de sus palabras como la dignidad de su persona. Aunque no está del todo claro que el término utilizado signifique, sin más, carpintero, lo cierto es que el desdén con el que es visto el Profeta de Nazaret vale igualmente para su padre, José. Sea que fuera éste carpintero, artesano o, más generalmente, obrero, lo cierto es que el también hijo de Jacob -según la genealogía de Mateo- se ganaba la vida trabajando, como cualquiera de sus conciudadanos. Pertenecía, pues -como ellos-, a la clase obrera.
Semejante situación nos recuerda la de millones de personas en el mundo que, debido a la necesidad de sobrevivencia, no pueden elegir el trabajo que desean o para el que se han preparado, sino que tienen que conformarse con el primer empleo que les aparece o aquél en el que las contratan después de un periodo prolongado de búsqueda. De tales personas no se puede pensar -en tantas ocasiones- siquiera en la posibilidad de un salario digno, que pueda solventar más que las necesidades básicas. De este modo, el trabajo se transforma en una forma actualizada de esclavitud. ¿O de qué otra forma puede concebirse una ocupación en la que se le va la vida al obrero? Entre los viajes en transporte público de ida y regreso a casa, las pocas horas de sueño y las escasas que puede dedicar a compartir con su familia, las enfermedades que derivan de dichas condiciones, las largas jornadas por las que recibe una raquítica remuneración, etc., su vida se reduce al trabajo. No por voluntad propia, sino a causa de un sistema que sigue perpetuando esquemas de relación laboral que favorece el enriquecimiento de unos cuantos a costa de la mano de obra abaratada por el mercado.
En otras circunstancias, de esto fue testigo José. Oriundo de Galilea, más específicamente de Nazaret, de donde nada bueno podía salir (sic), el que fuera padre de Jesús vivió, con toda probabilidad, la precariedad de un trabajo caracterizado por la incertidumbre.
Porque depender de la posibilidad o menos de que alguien adquiera el producto elaborado con las manos, sobre todo cuando se trata de objetos de segunda o tercera necesidad, es no saber si mañana o pasado mañana habrá pan sobre la mesa. La romantización que se ha hecho de la figura de san José como varón justo que dijo sí a los planes de Dios impide reconocer a José de Nazaret como obrero empobrecido que confió en la acción del Dios de la viuda, el huérfano y el forastero, aun en las circunstancias más adversas como la precariedad laboral.
Así las cosas, no es descabellado imaginar a la Familia de Nazaret corriendo la misma suerte que aquellos pobres hacia quienes más tarde Jesús dirigiría su mensaje del Reino de justicia. Como entonces, la denuncia sigue siendo: ¡Ay de ustedes, los ricos, porque ya tienen su consuelo! O también, ¡ay de ustedes que abaratan la mano de obra del obrero para de él aprovecharse y empobrecerlo más cada día! ¡Ay de ustedes que siguen predicando que el empresario es quien genera riqueza cuando quienes trabajan, a veces en condiciones inhumanas, son los empleados! ¡Ay de ustedes que se niegan a aceptar que mayor cantidad de horas de jornada laboral no es sinónimo de mayor productividad! ¡Ay de ustedes que le niegan el descanso necesario al obrero y a la obrera y la oportunidad de compartir con su familia y, aún más, les multiplican sus supuestas necesidades y, consecuentemente, sus deudas a los bancos y a las tiendas departamentales!
Ahora que muchas personas que antes se pasaban el día entero de pie pueden finalmente sentarse a ratos gracias a la aprobación de la así llamada Ley silla, es tiempo propicio para seguir luchando en favor de la reducción de la jornada laboral a cuarenta horas. No se trata solamente de una deuda histórica con el obrero que, por otra parte, tiene incluso derecho a organizarse con otros para hacer valer ésta y otras garantías, mas de una deuda con la justicia a la que apelamos como creyentes cuando nos remitimos a la persona de Jesús y su mensaje del Reino.
Si la devoción a san José puede tener relevancia en nuestros días es con la condición de que nos atrevamos a rescatar a José de Nazaret, el obrero empobrecido que, al igual que su hijo -quizá éste fue quien aprendió de aquél-, hace opción por la viuda, el huérfano y el forastero.
*Sacerdote y religioso de la Congregación de San José, especialista en filosofía cristiana.
**Te invitamos a conocer los títulos sobre San José que tenemos para ti.
_____________________________________
Português:
São José Operário e a redução da jornada de trabalho
Pe. Horacio Hernández Arroyo csj*
Em diversas ocasiões, Jesus é chamado filho do carpinteiro. Por exemplo, quando os seus se perguntam de onde provém a sabedoria de suas palavras, aludem precisamente a essa condição de filho do carpinteiro para questionar tanto o valor de suas palavras quanto a dignidade de sua pessoa. Embora não esteja totalmente claro que o termo utilizado signifique, simplesmente, carpinteiro, o certo é que o desprezo com que é visto o Profeta de Nazaré vale igualmente para seu pai, José. Seja ele carpinteiro, artesão ou, mais genericamente, operário, o fato é que o também filho de Jacó – segundo a genealogia de Mateus – ganhava a vida trabalhando, como qualquer um de seus concidadãos. Pertencia, pois – como eles –, à classe operária.
Situação semelhante nos recorda a de milhões de pessoas no mundo que, devido à necessidade de sobrevivência, não podem escolher o trabalho que desejam ou para o qual se prepararam, mas têm que se conformar com o primeiro emprego que aparece ou aquele em que são contratados depois de um período prolongado de busca. Dessas pessoas, em tantas ocasiões, não se pode pensar sequer na possibilidade de um salário digno, que possa cobrir mais do que as necessidades básicas. Desse modo, o trabalho se transforma em uma forma atualizada de escravidão. Ou de que outra forma pode-se conceber uma ocupação na qual se vai a vida do operário? Entre as viagens de transporte público de ida e volta para casa, as poucas horas de sono e as escassas que pode dedicar a compartilhar com sua família, as doenças que derivam dessas condições, as longas jornadas pelas quais recebe uma remuneração raquítica, etc., sua vida se reduz ao trabalho. Não por vontade própria, mas por causa de um sistema que continua perpetuando esquemas de relação laboral que favorecem o enriquecimento de uns poucos à custa da mão de obra barateada pelo mercado.
Em outras circunstâncias, disso foi testemunha José. Oriundo da Galileia, mais especificamente de Nazaré, de onde nada de bom podia sair (sic), o que foi pai de Jesus viveu, com toda probabilidade, a precariedade de um trabalho caracterizado pela incerteza.
Porque depender da possibilidade ou não de que alguém adquira o produto elaborado com as próprias mãos, sobretudo quando se trata de objetos de segunda ou terceira necessidade, é não saber se amanhã ou depois de amanhã haverá pão sobre a mesa. A romantização que se fez da figura de São José como varão justo que disse sim aos planos de Deus impede de reconhecer José de Nazaré como operário empobrecido que confiou na ação do Deus da viúva, do órfão e do estrangeiro, mesmo nas circunstâncias mais adversas como a precariedade laboral.
Assim, não é descabido imaginar a Família de Nazaré correndo a mesma sorte daqueles pobres para os quais mais tarde Jesus dirigiria sua mensagem do Reino de justiça. Como então, a denúncia continua sendo: Ai de vós, os ricos, porque já tendes o vosso consolo! Ou também, ai de vós que barateais a mão de obra do operário para aproveitar-vos dele e empobrecê-lo cada dia mais! Ai de vós que continuais pregando que o empresário é quem gera riqueza quando quem trabalha, às vezes em condições desumanas, são os empregados! Ai de vós que vos negais a aceitar que maior quantidade de horas de jornada laboral não é sinônimo de maior produtividade! Ai de vós que negais o descanso necessário ao operário e à operária e a oportunidade de compartilhar com sua família e, ainda mais, multiplicais suas supostas necessidades e, consequentemente, suas dívidas aos bancos e às lojas de departamento!
Agora que muitas pessoas que antes passavam o dia inteiro de pé podem finalmente sentar-se em alguns momentos graças à aprovação da chamada Lei da cadeira, é tempo propício para continuar lutando em favor da redução da jornada laboral para quarenta horas. Não se trata apenas de uma dívida histórica com o operário que, por outra parte, tem inclusive direito de organizar-se com outros para fazer valer esta e outras garantias, mas de uma dívida com a justiça à qual apelamos como crentes quando nos remetemos à pessoa de Jesus e sua mensagem do Reino.
Se a devoção a São José pode ter relevância em nossos dias é sob a condição de que nos atrevamos a resgatar José de Nazaré, o operário empobrecido que, assim como seu filho – talvez este tenha aprendido com aquele –, faz opção pela viúva, o órfão e o estrangeiro.
*Sacerdote e religioso da Congregação de São José, especialista em filosofia cristã.